A queda de braço entre o governo de Javier Milei, presidente da Argentina e a companhia aérea Aerolíneas Argentinas cruzou o espaço aéreo e aterrissou no Brasil. Nesta quinta-feira, os Pilotos brasileiros declararam apoio aos companheiros de profissão do país vizinho.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que representa pilotos de empresas brasileiras, repudiou as conversas entre o governo argentino e companhias aéreas brasileiras para assumir operações da Aerolíneas Argentinas. O sindicato teme que essa interferência possa prejudicar tanto os trabalhadores argentinos quanto brasileiros.
Milei tenta privatizar a Aerolineas e os funcionários da empresa estão em greve desde a última quinta-feira (19), por reajustes salariais. Eles enfrentam uma defasagem em torno de 80% nos salários, devido aos altos índices de inflação registrados aqui na Argentina no último ano e que chegam a 190%.
Henrique Hacklaender, presidente do SNA, declarou que os colegas vizinhos lutam em defesa de seus empregos e de melhores condições de trabalho. Ele considerou a luta dos argentinos como justa e legítima e expressou solidariedade e apoio incondicional.
SONORA: Henrique Hacklaender, presidente do SNA
“Também há uma preocupação com as ações recentes do governo Argentino, que ao invés de buscar soluções tem recorrido a medidas que enfraquecem o direito de greve e a liberdade sindical. O governo Argentino está negociando com companhias aéreas de outros países da América do Sul, incluindo o Brasil, para que as companhias assumam as operações no país. Essa prática, conhecida como cabotagem, é algo que o SNA repudia veementemente”
Henrique Hacklaender destacou a importância de garantir a liberdade sindical e proteger os direitos dos trabalhadores e ainda que as medidas de Milei podem ter impacto negativo na aviação brasileira.
O conflito com a Aerolineas Argentinas começou quando Milei propôs a privatização da empresa. Os sindicatos aqui na Argentina reagiram rapidamente, organizando protestos em frente ao Congresso e contando com o apoio de cinco grandes sindicatos de aviação do país.
Os trabalhadores brasileiros pediram uma reunião com o governo de Lula para discutir o impacto dessa crise nos aeronautas brasileiros e buscar soluções que garantam o respeito aos direitos trabalhistas em toda a região.
De Buenos Aires, na Argentina, Katia Maia