Relatório da investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) nos últimos dois anos aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha plena consciência e participação ativa nas ações clandestinas do plano de abolir o Estado Democrático de Direito no Brasil, que incluía desacreditar as instituições brasileiras e até a morte do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF, Alexandre de Moraes
Por meio de um grande volume de mensagens trocadas entre o grupo criminoso que tramava impedir a transição democrática de governo após as eleições de 2022 e de cadernos, agendas, celulares, computadores, anotações físicas e digitais com detalhes do plano, tudo recolhido pela PF como provas das ações criminosas, o relatório gerou o indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente e alguns generais que integravam o seu governo.
O relatório com mais de 800 páginas coloca o ex-presidente como uma figura central na trama do golpe. As evidências mostram que Bolsonaro recebeu a proposta de minuta do golpe e fez até alterações no texto. Onde havia a proposta para capturar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, o ex-presidente Bolsonaro fez ajustes e deixou como alvo o ministro Alexandre de Moraes e retirou o nome dos demais.
Bolsonaro também teria convocado os Comandantes das Forças Militares no Palácio da Alvorada para apresentar o documento e pressionar as Forças Armadas. Ele contou com o alinhamento de alguns militares, como o comandante da Marinha, Almir Garnier, enquanto outros, como o comandante do Exército Freire Gomes, resistiram.
De acordo com a investigação, as mensagens subtraídas do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, provam que o ex-presidente e o candidato a vice em sua chapa em 2022, general Braga Netto, participaram pessoalmente das ações de pressão ao comandante do Exército para que aderisse à trama golpista. No entanto, somente o comando da Marinha concordou com golpe. Em diálogos retirados dos celulares dos militares presos, dizem que a Marinha tinha até tanques de guerra prontos para apoiar o intento golpista.
As investigações da PF descobriram que havia até um plano de retirada clandestina do então presidente Bolsonaro do país caso o plano fosse descoberto e ele fosse alvo de investigações.
Reportagem, Max Gonçalves.