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Milhões de alunos sem água e saneamento básico no Brasil

Escolas com maioria negra lideram os números de infraestrutura precária, agravando as desigualdades raciais na educação

26/12/2024 às 06h00
Por: Katia Maia
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Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil

 

 

Cerca de 1,4 milhão de alunos no Brasil estuda em escolas públicas sem acesso a água tratada e a maioria desses estudantes é negra, é o que revela o estudo "Água e Saneamento nas Escolas Brasileiras: Indicadores de Desigualdade Racial. O levantamento classifica as escolas como predominantemente negras, brancas ou mistas, de acordo com a composição racial de seus alunos.

Alunos de escolas predominantemente negras têm sete vezes mais chances de enfrentar a falta de água potável em comparação aos estudantes de escolas predominantemente brancas. Do total de 1,2 milhão de crianças sem acesso à água, 768,6 mil estão em instituições de maioria negra, 528,4 mil em escolas mistas e 75,2 mil em escolas de maioria branca.

Além da água, faltam outros serviços básicos. Mais de 52% dos alunos de escolas de maioria negra lidam com a ausência de saneamento, banheiros ou coleta de lixo. Entre as escolas de maioria branca, essa taxa é de 16,3%.

No caso de esgoto, 14,1 milhões de alunos estudam em escolas sem ligação à rede pública. A coleta de lixo também é um desafio para 2,15 milhões de estudantes, sendo quase 1 milhão em escolas de maioria negra.

As dificuldades afetam ainda os estudantes indígenas, que enfrentam os piores índices de atendimento básico. Mais da metade das escolas indígenas não tem água potável, coleta de lixo ou saneamento.

Os dados reforçam a exclusão não apenas nas escolas, mas em toda a sociedade. Em 2022, 33 milhões de brasileiros não tinham água em casa e 90 milhões viviam sem coleta de esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Água e Saneamento e pelo Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), com base nos dados do Censo Escolar de 2023, realizado pelo Inep - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

Reportagem, katia maia

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