O cotidiano da vida em sua plenitude mais banal de acontecimentos mundanos, descritos de forma delicada e com personagens que refletem as percepções de uma jovem neozelandesa entre os anos de 1915 e 1922. É assim que pode ser percebido inicialmente cada um dos 15 contos selecionados nesta obra. Porém os momentos triviais que acontecem na narrativa, servem como pano de fundo para que a autora Katherine Mansfield discorra sobre todo seu entendimento a respeito da vida e as relações pessoais desencadeadas por esses momentos comuns.
É fácil compreender porque mestres da escrita como Anton Tchekhov e Virginia Woolf são admiradores do talento narrativo de Katherine Mansfield. Sua escrita é fácil, sem rodeios mas ao mesmo tempo extremamente delicada, como se fosse uma flor que temos nas mãos com medo de esmagar as pétalas. Uma das principais características dos contos presentes nesta obra é a forma lírica de como a autora expressa os sentimentos de cada um dos personagens, de modo intenso em sua maioria.
Os temas que marcam cada um dos contos abordam as relações sociais e a interações entre homens e mulheres, o isolamento e as reflexões sobre vida e morte. Além disso, tem destaque os papeis de gênero na sociedade - o que por si só, naquela época, já mostra o pensamento modernista de Katherine Mansfield. Uma obra com 270 páginas que voam rapidamente por nossos olhos pela qualidade da escrita. Uma autora que merece ser conhecida e apreciada por seus contos.
Por Janary Damacena