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Crianças indígenas morrem mais de câncer do que as brancas, negras e amarelas

Com estimativas de quase 8 mil novos casos por ano, o câncer infantojuvenil é a principal causa de morte na faixa etária entre 1 e 19 anos.

10/02/2025 às 06h38 Atualizada em 12/02/2025 às 06h39
Por: Max Gonçalves
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FOTO: © Rovena Rosa/Agência Brasil
FOTO: © Rovena Rosa/Agência Brasil

 

 

A taxa de mortalidade de crianças indígenas por causa do câncer é quase o dobro da média brasileira, que atualmente é de cerca de 2.500 óbitos por ano. Os dados são da plataforma Panorama de Oncologia Pediátrica. A plataforma reúne informações extraídas do Registro Hospitalar de Câncer, do Registro de Câncer de Base Populacional, do Sistema de Mortalidade do DataSUS, do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Um levantamento de casos registrados na rede pública de saúde do Brasil mostra que crianças e adolescentes indígenas morrem mais de câncer que as brancas, negras e amarelas. Com estimativas de quase 8 mil novos casos por ano, o câncer infantojuvenil é a principal causa de morte na faixa etária entre 1 e 19 anos.

Segundo dados do último Censo populacional, quase 45% dos indígenas no Brasil vivem na Região Norte, seguido pela Região Nordeste, onde vivem cerca de 31% dos povos. As duas regiões não representam as com maior número de diagnósticos, mas são as que registram o maior número de crianças indígenas mortas por câncer.

A maior parte dos hospitais especializados em oncologia pediátrica estão na região Sudeste e poucos são os que atendem a população no Norte e Nordeste. Uma condição que obriga as famílias a se deslocar para os grandes centros em busca de tratamentos. A falta de hospitais especializados no Norte e Nordeste acaba por atrasar os diagnósticos do câncer em crianças e adolescentes, sobretudo entre os indígenas, o que também dificulta o tratamento adequado do câncer e afeta na taxa de sobrevida dos pacientes.

Outro fator crítico é a escassez de profissionais especializados na parte de cima do país e a baixa condição socioeconômica das famílias, que não têm condições de viajar e se manter em outras regiões, terminando por não seguirem com o tratamento até o fim.

Especialistas explicam ainda que o cuidado de crianças indígenas requer abordagem especial, porque alguns pacientes, por razões genéticas, metabolizam os medicamentos de forma diferente. Elas têm 28 vezes mais chances de intoxicar e evoluir para infecções graves e severas do que outras crianças.

Reportagem, Max Gonçalves

 

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