O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. No depoimento à Polícia Federal, Cid revelou que o ex-presidente se reuniu com grupos radicais que defendiam um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.
A delação aponta que Bolsonaro recebeu conselheiros que queriam a assinatura de um decreto de intervenção militar. O documento previa a prisão de ministros do STF e do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Cid também citou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como uma das incentivadoras do movimento. Segundo ele, Bolsonaro acreditava que teria apoio popular e de grupos armados para contestar o resultado das urnas.
A Procuradoria-Geral da República denunciou Bolsonaro e mais 32 pessoas por tentativa de golpe de Estado nesta terça-feira (18/2). A acusação aponta que o ex-presidente liderou uma organização criminosa que incentivou a intervenção militar para mantê-lo no poder, independentemente do resultado das eleições. A denúncia afirma que Bolsonaro e seus aliados atuaram para minar a confiança no sistema eleitoral e disseminar ataques às instituições democráticas.
Entre as provas apresentadas pela PGR estão uma minuta de decreto golpista, encontrada na sede do PL e no celular de Mauro Cid, além de discursos e atos públicos de Bolsonaro incentivando seus apoiadores a questionarem as eleições. A investigação também revelou que o ex-presidente chegou a discutir um plano de fuga, caso o golpe não fosse aceito pelos militares.
A delação de Cid foi divulgada um dia depois da denúncia da PGR. Agora, o STF decidirá se aceita a acusação, tornando Bolsonaro e os demais investigados réus no processo.
Reportagem katia maia