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STF julga militares acusados de tramar golpe com Bolsonaro

Após o depoimento-chave do general Freire Gomes, Corte ouve militares e policiais envolvidos em tentativa de ruptura institucional

20/05/2025 às 10h49 Atualizada em 20/05/2025 às 13h47
Por: Katia Maia
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Foto: Rosinei Coutinho/STF
Foto: Rosinei Coutinho/STF

O Supremo Tribunal Federal começa hoje a julgar mais um grupo de acusados de tentar derrubar o resultado das eleições de 2022 (PET 12100). Entre os réus estão generais e coronéis do Exército, além de um agente da Polícia Federal. Segundo a Procuradoria-Geral da República, esse núcleo tinha a missão de pressionar a cúpula das Forças Armadas a aderir ao plano golpista.

Ao todo, 12 pessoas serão julgadas nesta nova fase. Entre elas, o policial Wladimir Soares, acusado de fazer parte do grupo que planejava ataques contra o presidente Lula, o ministro Alexandre de Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele chegou a dizer, em áudio extraído de seu celular, que estava pronto para prender Moraes e impedir a posse do novo governo.

O grupo é acusado de crimes graves: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada e depredação de patrimônio público.

Ontem, um dos depoimentos mais aguardados da investigação foi ouvido no STF. O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, confirmou que recebeu do então presidente Jair Bolsonaro uma minuta com propostas como GLO, estado de sítio e até prisão de autoridades — entre elas, o ministro Alexandre de Moraes.

Freire Gomes, entretanto, tentou minimizar a importância e o conteúdo da reunião, dizendo que os mecanismos propostos por Bolsonaro são previstos na Constituição. Mas foi cobrado por Moraes, que identificou e apontou contradições com o que o general havia dito antes à Polícia Federal. O ministro foi claro: uma testemunha não pode mentir, nem omitir informações.

Mesmo tentando recuar, Freire Gomes reafirmou que alertou Bolsonaro de que qualquer medida fora do processo legal poderia gerar problemas sérios — inclusive responsabilização jurídica.

Outro ponto tenso do depoimento foi quando o general tentou poupar o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier. À PF, ele já havia dito que Garnier apoiou a tentativa de ruptura. Mas no STF, disse que não viu conluio. Moraes reagiu na hora: disse que as versões não batiam e alertou que a Justiça exige coerência. Freire gomes, então, afirmou que não tinha como inferir o que o comandante da Marinha queria dizer com “estar com o presidente”; e que a ele, Freire Gomes cabia apenas relatar porque “a intenção do que ele quis dizer com isso não me cabe”, afirmou..

O julgamento de hoje deve trazer novos desdobramentos sobre a tentativa de golpe. A expectativa é de que os ministros ouçam mais testemunhas e avancem no entendimento sobre o papel das Forças de Segurança no plano de ruptura institucional.

Reportagem Katia Maia

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