O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, confirmou nesta quarta-feira, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o general Freire Gomes, ex-chefe do Exército, alertou Jair Bolsonaro de que poderia ser preso caso levasse adiante um plano para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Baptista Júnior foi ouvido pelo STF como testemunha no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado durante o governo Bolsonaro. Segundo o brigadeiro, o aviso de Freire Gomes ao então presidente foi claro, embora tenha sido feito de forma respeitosa: “Se fizer isso, vou ter que te prender”, teria dito o general, de acordo com Baptista Júnior.
Ainda no depoimento, ele relatou ter participado de reuniões em que circulavam minutas golpistas, com intenção de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e até de prender autoridades. Batista Júnior disse ter presenciado a discussão sobre o nome do ministro Alexandre de Moraes como alvo desses planos. Também confirmou que, em determinado momento, o então comandante da Marinha colocou as tropas à disposição de Bolsonaro.
O ex-chefe da FAB relatou ainda que, ao receber o documento golpista em uma reunião no Ministério da Defesa, recusou-se a permanecer no local. Questionado sobre a participação do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, Baptista Júnior pediu para retificar o que disse anteriormente à Polícia Federal, afirmando que não tem mais certeza de que ele esteve nas reuniões.
O ex-comandante foi a única testemunha ouvida nesta quarta-feira, ele foi arrolado como testemunha de acusação. Ao todo, são 82 testemunhas do caso. Os depoimentos devem continuar na sexta, quando vão ser ouvidos o senador Hamilton Mourão e o atual comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen. O processo em questão envolve Jair Bolsonaro e outros sete ex-ministros e aliados diretos do ex-presidente.
Reportagem Katia Maia