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Marina Silva é alvo de ataque misógino no Senado

Senador afirmou que ministra “não merece respeito”; episódio reacende debate sobre violência política contra mulheres

28/05/2025 às 09h55 Atualizada em 09/06/2025 às 11h32
Por: Katia Maia
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Foto: Rogério Cassimiro/MMA
Foto: Rogério Cassimiro/MMA

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi alvo de um ataque misógino e sem precedentes durante uma audiência no Senado, nesta terça-feira. O episódio aconteceu na Comissão de Infraestrutura e interrompeu uma discussão sobre a criação de unidades de conservação marítimas no Amapá.

O senador Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, afirmou abertamente que Marina, enquanto ministra, “não merecia respeito”. Abre aspas: “Estou falando com a ministra, e não com a mulher. Porque a mulher merece respeito, a ministra, não”, disse o parlamentar. Diante da declaração, Marina respondeu que estava ali como autoridade convidada, não por ser mulher, e deixou a sessão acompanhada de sua equipe. Não foi a primeira vez que Plínio Valério atacou Marina. Em um evento recente no Amazonas, ele declarou: “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas sem enforcá-la” — uma fala que também causou repúdio.

O ataque gerou indignação imediata. O senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, repudiou a fala e lembrou que divergências políticas não podem justificar desrespeito. “O debate pode ser firme, mas jamais desrespeitoso”, afirmou.

Após o ocorrido, Marina se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e reafirmou seu compromisso com o diálogo democrático. “O meu lugar é onde todas as mulheres devem estar: na defesa da democracia, do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável do Brasil”, disse ela, cobrando desculpas públicas do senador — que se recusou a pedir retratação.

Outro momento de tensão na audiência envolveu o senador Omar Aziz, que responsabilizou a ministra pelo avanço de um projeto que muda as regras do licenciamento ambiental. Marina rebateu, defendendo que o licenciamento é uma conquista da sociedade brasileira e alertou: “Só o povo pode impedir o desmonte da legislação ambiental”.

Nota: O episódio expõe mais uma vez o desafio de manter o debate político em um patamar civilizado — especialmente quando mulheres em posição de poder são alvos de ataques marcados por preconceito e violência simbólica.

Reportagem Katia Maia

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