O presidente Lula participou, nesta quinta-feira, da 66ª Cúpula do Mercosul, realizada em Buenos Aires. É a primeira vez que Lula visita a Argentina desde que Javier Milei assumiu a presidência do país. Aqui, Lula encontrou um clima tenso com uma recepção marcada por formalidades. Sem reunião bilateral prevista entre Lula e Milei, os dois trocaram apenas um breve aperto de mãos, com sorrisos contidos.
Durante a Cúpula, Milei voltou a atacar o Mercosul. Disse que o bloco perdeu eficiência e ameaçou que a Argentina pode seguir sozinha se não houver maior liberdade comercial. Em resposta, Lula defendeu o fortalecimento da integração regional. O Brasil assumiu a presidência pro tempore do Mercosul e nesse segundo semestre lidera o bloco.
Em seu discurso, o presidente Lula fez uma defesa firme do Mercosul. Disse que estar no bloco protege a região e que a Tarifa Externa Comum blinda o Mercosul contra guerras comerciais alheias:
“Enfrentaremos o desafio de resguardar nosso espaço de autonomia em um contexto cada vez mais polarizado. A presidência brasileira representará uma oportunidade para refletir sobre o lugar que almejamos ocupar no novo tabuleiro global. Nesse esforço, será imprescindível conferir prioridade a cinco questões. A primeira delas é o fortalecimento do comércio entre nós e com parceiros externos”.
Após a cúpula, Lula fez uma visita à ex-presidenta argentina Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar em Buenos Aires. O encontro foi autorizado pela Justiça argentina e aconteceu no apartamento dela, no bairro de Constitución. Lula ficou cerca de uma hora com a ex-presidenta, em uma reunião que simboliza o alinhamento político entre os dois e a continuidade dos laços entre setores progressistas da região.
Militantes se reuniram em frente ao prédio para receber Lula com aplausos. Apesar da discrição, a visita do presidente brasileiro reflete um forte significado político em meio ao distanciamento entre os governos do Brasil e da Argentina.
De Buenos Aires na Argentina,
Reportagem, Katia Maia